domingo, 18 de dezembro de 2011

A América Portuguesa


A América Dividida



Com a expansão marítima alguns países europeus começaram a colonizar a América, o mapa a seguir indica as áreas onde cada uma das potências coloniais instalou seus domínios na América.
Veremos agora como foram estabelecidas às colônias no continente.


Houve no continente americano duas formas básicas de ocupação: a colonização de exploração e a colonização de povoamento. 
Os países que fazem parte da América anglo-saxônica, no norte do continente tiveram uma colonização de povoamento. Isso quer dizer que o interesse dos colonizadores era povoar  e desenvolver o lugar. Nesse tipo de colonização a intenção não estava ligada à exploração de riquezas com a finalidade de enviá-las para a metrópole, e sim de abastecer os próprios habitantes.
O fato marcante nas colônias de povoamento é que as riquezas produzidas permaneciam no país. 
Essa característica foi de fundamental importância para que países como Estados Unidos e Canadá se tornassem grandes nações, sendo o primeiro a maior potência mundial atualmente.
Os países considerados latinos tiveram uma colonização de exploração, ou seja, apenas forneciam riquezas oriundas da natureza como madeira, pedras preciosas, entre outras ou cultivavam produtos tropicais como cana de açúcar, café e borracha.
Em resultado a essa intensa exploração, os países latinos herdaram desse período um grande atraso sócio-econômico que reflete nos dias atuais.

Colonização da América Portuguesa

Antes da chegada dos europeus, a América foi povoada por índios e em todo o continente, se desenvolveram etnias e civilizações importantes. É o caso dos tupis e dos jês que no final do século XV dividiam-se em vários grupos totalizando uma população de aproximadamente 5 milhões de pessoas.
A cultura desses povos indígenas baseava-se na guerra e em vários mitos, por exemplo, o da existência de uma terra sem males onde havia fartura de alimentos, imortalidade, e o direito de se vingar de seus inimigos.  Ao que todo indica, e como representa a imagem a seguir, na busca desse sonho os indígenas espalharam-se por todo o território brasileiro e ocuparam principalmente a faixa litorânea do Brasil.  


A guerra era um componente cultural básico na vida dos indígenas brasileiros, servia, sobretudo, para vingar os parentes mortos pelos inimigos.
Para algumas tribos o maior triunfo resumia-se em matar e comer o oponente capturado na luta. O prisioneiro conduzido à aldeia inimiga, integrava-se à rotina do lugar ate ser devorado num ritual que reunia os membros da aldeia e seus aliados. Algumas imagens que seguem e que forma feitas por viajantes e observadores presentes no Brasil colonial represem essas características.

Albert Eckhout


Guerreiro indígena

Hans Staden


Além da guerra, que era uma atividade masculina os homens também eram responsáveis pela pesca e pela caça.
As mulheres cabiam cuidar das crianças, das plantações e fabricavam as vasilhas de barro utilizadas no preparo da comida.





Homens mulheres e crianças se pintavam e usavam ornamentos, enfeitavam a cabeça, os lábios o pescoço e as orelhas.




Figuras importantes na organização das tribos era o pajé e o cacique.
O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças.



O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.
A educação indígena é interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender.
Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena.



As aldeias ligavam-se entre si por alianças, estabelecidas conforme afinidades e relações de parentesco. Tais alianças variavam com o tempo: os inimigos de hoje poderiam ser os inimigos de amanhã. A regra é que as aldeias situavam-se em lugares com água madeira e alimentação. 



Hoje a população indígena no Brasil é de aproximadamente 750 mil índios. Calcula-se que a população indígena, era de aproximadamente 5 milhões, em 1500 quando os portugueses chegaram ao Brasil. Em menos de 100 anos os indígenas foram reduzidos de forma drástica em parte devido à ferocidade dos conquistadores. Exemplo claro é o movimento dos Bandeirantes que na busca de ouro caçavam os índios no interior do território a fim de escravizá-los.



Nos últimos 500 anos os povos indígenas foram dizimados no contato com os colonizadores europeus e seus descendentes.
A população encontrada pelos europeus em 1500 foi quase toda dizimada por guerras, doenças e escravidão.
A chegada dos portugueses às terras brasileiras colocou em confronto duas culturas notadamente diversas: a européia que tinha em sua base cultural as monarquias, as relações mercantis e o cristianismo; e a indígena, que valorizava a vida comunitária, a relação com a natureza e a pajelança. 


Formou-se na América portuguesa uma sociedade original e com significado diferente para cada um dos povos envolvidos: Para os europeus e seus descendentes, reproduziram-se no Brasil seus valores e a cristandade, como representam as imagens a seguir. 

Rugendas: O Lundu.


Procissão

Para os ameríndios a colonização significou a destruição quase completa de sua cultura original e o extermínio de povos inteiros.


Primeiro por epidemias, pelos massacres realizados pelos bandeirantes e depois pela aculturação das populações imposta pelas missões jesuíticas e o cristianismo.

Debret. Ritual

Victor Meirelles. A Primeira missa

Evangelização Jesuíticas

Para os negros africanos e afro-brasileiros, a colonização significou a escravidão, o racismo e a discriminação, como representam muito bem as imagens a seguir de Rugendas e Debret.

Rugendas: Escravos na senzala

Escravo capturado pelo capitão do mato

Debret: Escravo sendo castigado

Estrutura Comercial

Como os portugueses não encontraram metais preciosos nos primeiros tempos da colonização. A política mercantilista privilegiou o cultivo de gêneros agrícolas de origem nativa ou trazida de fora.
As opções iniciais concentraram-se na cana-de-açúcar. Em menor escala, também, o fumo e o algodão, o extrativismo florestal de pau-brasil e as chamadas “drogas do sertão” foram exploradas.
Para o cultivo da cana-de-açúcar os portugueses criaram no nordeste um sistema integrado baseado na grande propriedade voltada para a exportação e no trabalho escravo.
Esse tipo de sistema era semelhante à plantation da colonização inglesa no sul do atual USA.

Plantation é a grande propriedade agrária especializada na monocultura tropical destinada à exportação, geralmente ligada a produtos como cana-de-açúcar, fumo e algodão, cultivados com mão-de-obra escrava.

O engenho, onde se fabricava o açúcar, era composto pela moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar.
Na moenda, a cana era esmagada, o caldo era levado para a casa das caldeiras, onde era engrossado, o melaço daí decorrente era levado para a casa de purgar para secar e alcançar o “ponto do açúcar”.
O açúcar era enviado a Portugal, de lá para a Holanda, onde passava pelo processo de refinamento para a comercialização e consumo na Europa.

Rugendas: engenho de açúcar


         A força da agricultura canavieira colonial estava em seu caráter exportador. Tratava-se de uma economia especializada em produzir e vender o açúcar para o mercado europeu com grande quantidade e preço competitivo.
Para implantar e desenvolver a atividade açucareira no Brasil, Portugal contava com a sólida participação de banqueiros e mercadores holandeses. Eles financiavam a instalação de engenhos, a aquisição de escravos africanos, o transporte do açúcar e seu refino e distribuição na Europa.
Embora tenha dado lucros, essa estrutura produtiva apresentou desde o começo um caráter extremamente destrutivo.
No nordeste e em outras regiões, a cana-de-açúcar era cultivada de modo extensivo, ocupando enormes extensões de terras. 
Nas regiões onde era plantada, nenhuma outra lavoura era admitida. Tratava-se de uma cultura exclusivista.
Esse tipo de exploração, a monocultura em grandes propriedades, levou à destruição crescente da Mata Atlântica e ao empobrecimento e esgotamento do solo. Rugendas ilustra bem esse fato.


Apesar 75% de a floresta ter sido destruída, no Brasil colônia, a Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento do mito do paraíso terrestre. Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de ser habitada por vários povos indígenas.


Logo em seguida ao descobrimento, praticamente toda a vegetação atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação e hoje está quase extinto, ligando o país à historicamente destruição ecológica.
Para o trabalho no desbravamento da floresta e na lavoura de cana-de-açúcar privilegiou-se o trabalho do escravo africano. Para a América, os africanos começaram a ser trazidos em número expressivo a partir de meados do século XVI.
A primeira experiência de trabalho escravo no Brasil foi feita com a submissão dos próprios índios. Mas revelou-se pouco eficiente em algumas regiões, pela forte resistência nativa e pela oposição das ordens religiosas e da legislação oficial à escravização indígena.


A opção pelo africano se deu por algumas supostas vantagens: maior resistência física às epidemias e maiores conhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas.
Essa opção pelo escravo africano se deu também para que o tráfico de escravos pudesse aumentar ainda mais os lucros. E para facilitar nem o Estado nem a igreja católica condenavam a imposição da escravidão aos africanos. As imagens que seguem retratam o trafico de escravos e detalhes de sua vida cotidiana, como trabalho, religiosidade, diversão e castigo.

Rugendas. Navio negreiro

Mercado de escravos.


Debret. Trabalho escravo





Diversão Capoeira

Festa: Coroação do rei do Congo
ia legal e
 sistematicamente utilizad escravos. 

Quilombo.

A importância do açúcar fez da organização social das zonas canavieiras uma das expressões mais características da sociedade colonial.
Agrária e escravista, ela estava organizada em torno do complexo formado pela casa-grande, a senzala, o engenho, a capela e as terras canaviais.
Era uma sociedade aristocrática, isto é, dominada por um grupo de grandes proprietários rurais, com pouca mobilidade social, e no qual era quase impossível passar de um grupo social para outro.

Grandes propriedades rurais




A América portuguesa era uma sociedade patriarcal, além disso, centrada no poder do chefe de família rural, o patriarca.
Esse homem era ao mesmo tempo dono da terra, a autoridade local e o senhor dos destinos dos seus dependentes, empregados, parentes e agregados, além dos escravos.
O conjunto de pessoas dependentes formava a família patriarcal, uma família extensa baseada no direito masculino de primogenitura.

Debret. Família colonial 



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